segunda-feira, 30 de junho de 2008

Paraná: nuvem de veneno!

Você sabia que o estado do Paraná é o campeão nacional em produtividade de grãos? Você sabia também que, a cada minuto, são lançados impressionantes 66kg de agrotóxicos no solo paranaense? Em um ano, a cifra chega a absurdas 4 mil toneladas de defensivos agrícolas lançados no meio ambiente desse estado. Uma verdadeira nuvem de veneno.

Descobri isso lendo um artigo do deputado estadual Luiz Eduardo Cheida, autor de um projeto de lei na Assembléia Legislativa do Paraná, com o objetivo de tirar de circulação grandes volumes de pesticidas organoclorados que, a despeito da proibição em todo o território nacional, ainda são estocados por agricultores no estado. Estima-se que existem cerca de 4 milhões de quilos desse tipo de composto químico armazenados em propriedades rurais paranaenses.

O deputado traz ainda a informação de que cerca de 30% do veneno utilizado nas lavouras de seu estado é contrabandeado e entra no país via Paraguai. Somando-se os agrotóxicos legais e os pirateados, temos a suntuosa marca de 5 milhões de quilos de pesticidas lançados todos os anos em terras do Paraná. Um número alarmante, sem sombra de dúvida.


Fonte: http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=temas&cd=1749

sexta-feira, 27 de junho de 2008

É muita cara-de-pau!

Andando pelos corredores de nossa mui amada instituição de ensino, fiquei abismado ao ver um cartaz anunciando o Prêmio Agroambiental Monsanto. Primeira coisa que eu pensei: "mas é muita cara-de-pau, hein?" Vendo o site criado para divulgar o concurso – com imagens de crianças felizes e um bonito sol desenhado estampando sua capa –, fiquei ainda mais estarrecido ao perceber que não há limites para o cinismo e a hipocrisia de certas corporações.

Sustentabilidade ambiental é um termo que funciona quase como uma palavra de ordem nos dias de hoje. É difícil pensar em alguma grande empresa que não possua dentre seus projetos alguma ação nesse sentido. É bom para a corporação que, naturalmente, tira proveito desse "marketing verde".

Mas, especificamente no caso da Monsanto, a coisa extrapola todos os limites do bom-senso e da honestidade. Todo mundo já está careca de saber que a referida companhia é uma das maiores produtoras mundiais de agrotóxicos, herbicidas e de sementes transgênicas. Como que uma empresa dessas pode se dizer comprometida com a agricultura sustentável? É difícil imaginar como eles tiveram o despeito de escrever algo como:

A Monsanto é uma das pioneiras no desenvolvimento da biotecnologia, que pode contribuir para uma agricultura mais sustentável. Uma agricultura que se proponha a produzir alimentos, roupas e biocombustíveis, que reduz o desmatamento, o consumo de água e de combustíveis, o uso de agrotóxicos e as emissões de CO2. Questões fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil e vitais para o futuro do planeta.

E, logo abaixo desse texto, logotipos de seus produtos que tanto favorecem a sustentabilidade ambiental de lavouras: herbicidas e soja Roundup, defensivos agrícolas para a cultura do algodão, sementes de milho transgênicas, dentre outros. Isso pra mim só pode ser "caradurismo" disfarçado de responsabilidade ambiental.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Na TV

A Casseta continua cm todo vapor a promoção da preservação do meio ambiente. Veja como aproveitar a energia CHULEÓLICA, quadro da série "Salve o Planeta e a Casseta Também", exibido nesta terça-feira (o vídeo está na página 2 da lista, não é possível colocar o link aqui). Na semana que vem, "um dos maiores desafios ecológicos da humanidade: criar um cunhado autosustentável".

(Tá, eu sei que ando assistindo muita televisão.)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Joguinho sujo


Faz tempo que o Papa-Pilhas do Banco Real me chama a atenção. Vi a grande caixa de recolhimento de baterias usadas em diversos locais da cidade. Um banco que se encarrega da reciclagem de pilhas velhas...

Nunca engoli muito essa nova forma das empresas promoverem suas imagens de boazinhas. Os termos
responsabilidade social e sustentabilidade estão na moda, a última onda tão amada pelos RP's. Desconfio sempre porque a questão é a seguinte: será que o compromisso dessas empresas realmente é sócio-ambiental, ou é com o capital? Em última instância, o que move esse tipo de campanha: a preservação do planeta ou o engrandecimento do próprio bolso?

Vejamos o caso da Aracruz. É uma ironia a campanha publicitária veiculada durante a última Copa do Mundo, a qual trazia o slo
gan "O Brasil fazendo um bonito papel no mundo inteiro". A multinacional, que vende 99% de sua produção para a confecção européia de fraldas descartáveis, lenços de papel e absorventes femininos, é acusada pelo esgotamento do solo brasileiro provocado pela monocultura do eucalipto, fator conhecido como Deserto Verde. Além do mais, a indústria de celulose é responsável pela grilagem de diversas terras indígenas do Espírito Santo. Veja aqui o caso da demarcação de terras indígenas no Estado, em que a Aracruz produziu outdoors ofensivos aos povos indígenas e à FUNAI. Um verdadeiro papelão para o mundo inteiro.

Na área da promoção de sua imagem socio-ambiental-responsável, veja as notícias da capa do website da multinacional. Em uma delas, o texto fala sobre a participação da Aracruz no V Encontro Nacional do Diálogo Florestal para a Mata Atlântica, que pretende promover ações concretas de proteção e restauração florestal do bioma. Será que a Aracruz, que denomina produtores florestais os produtores rurais que cultivam eucalipto, realmente está precupada com a preservação de ALGUM BIOMA??!

Mas, e o
Banco Real? Acabo de descobrir que a instituição recebeu nas últimas semanas o título de Banco Sustentável do Ano, na premiação mundial oferecida pelo jornal britânico Financial Times e pelo International Finance Corporation, ligado ao Banco Mundial. Os concorrentes eram grandes instituições como o Citibank (EUA), Rabobank (Holanda) e HSBC e Standard Chartered (Grã-Bretanha). Veja a notícia na íntegra sobre a premiação aqui.

Confesso que fiquei surpresa visitando o website do Real. As campanhas de sustentabilidade vão muito além do Papa-Pilhas. Ambientes virtuais dão dicas simples para serem implantadas em nossas próprias casas, como pintar as paredes com cores claras para potencializar a iluminação dos ambientes, ou optar por móveis usados para a mobília do lar. Também a atenção na edificação é importante, como a escolha da orientação solar e a espessura das paredes, por exemplo. Todas as dicas contém um texto explicativo sobre como o Banco Real implanta em suas agências tais técnicas.


O website contéma ainda diversas referências sobre sustentabilidade, e oferece até cursos on-line sobre o tema. A primeira unidade do curso sobre Edificação Sustentável conta sobre a experiência do Real na construção da primeira agência bancária ambientalmente correta do Brasil, a Agência Granja Viana, em Cotia.


Neste blog há uma extensa análise sobre a "onda" da sustentabilidade, que fala sobre os bancos de todo o mundo terem sido os primeiros a adotarem este "selo". De acordo com o especialista em estratégia empresarial Fábio Albuquerque, dono do blog, o Citi Bank, que concorria ao título de Banco mais Sustentável do Mundo ao ladodoReal, foi alvo de protestos em meados de novembro passado, quando milhares de ativistas organizados pela ONG Rainforest Action Network protestavam nos Estados Unidos contra os investimentos do Banco em usinas de energia movidas a carvão. Ele não critica, entretanto, as estratégias socio-ambientais do Banco Real.

Indo bem longe, dá até para imaginar uma rede de interesses que se constrói em torno do lema sustentabilidade. Li hoje nesta notícia que a revista espanhola GEO oferece desconto aos anunciantes cujas campanhas publicitárias promovam o meio ambiente. Desconto para os anunciantes, mais anunciantes para a revista. Resultado: um maior número de páginas para esta revista. Conseqüentemente, um aumento no consumo de celulose para a produção do papel da publicação, ou seja, crescimento da produção de empresas como a Aracruz. E o Banco Real? Banco Real, não nos decepcione. Já pensou descobrir que a instituição financia a Aracruz?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Para quem perdeu..

Eis o documentário Legado Lutzenberger, para quem não assistiu neste domingo.

Floresta Zero


Entre a ausência de graça e a genialidade, o Casseta & Planeta segue anos a fio na programação da Rede Globo. Fazia tempo que não assistia, mas ontem à noite, confesso, resolvi desligar o indignômetro e acompanhar toda a programação da emissora, da telenovela ao Toma Lá Dá Cá, bem no estilo deita e relaxa, senão não encaixa. E confesso, estava precisando dar umas boas risadas, mesmo que fosse com piadas fracas.

Durante minha monumental deitada no sofá, vi no Casseta & Planeta um quadro de um certo tom de mal gosto, mas de crítica dura e inteligente. Em "Liquidação Total da Amazônia", com uma chamada do tipo "Corra, que está terminando!", apareciam produtos em promoção (e aí entra a parte do mau gosto) como "Presunto de Índio Ianomami" ou "Madeira de Lei Fora da Lei", sendo oferecidos como as ofertas de um canal de vendas por televisão, sobre imagens de fundo de queimadas e destruição de florestas.

O quadro se refere ao projeto de Lei 6424, apelidado de Floresta Zero, que autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. O projeto também desobriga os responsáveis pelos desmatamentos a recuperarem a área prejudicada. Sendo assim, o plantio de árvores no Rio Grande do Sul poderia compensar o desmatamento no Pará, por exemplo.

Para alívio na nação, o novo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou na semana passada que o presidente Lula é contra o projeto Floresta Zero, e se comprometeu a vetá-lo, caso seja aprovado no Congresso. (Veja notícia na íntegra do Greenpeace)

Nesse sentido, a iniciatica Meia Amazônia Não promove um abaixo-assinado contra o projeto. O website, além de informativo, é super criativo, pois oferece ao internauta o desafio de contrução de uma rede de amigos, representados por folhas de árvores, que participem da petição e a indiquem a outras pessoas. O incentivo à divulgação do website conta inclusive com um ranking, que mostra os internautas que conseguiram arrecadar mais votos. Passa lá, além de assinar, tem informações interessantes sobre a Floresta Amazônica.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Um pouco sobre a política rio-grandense de irrigação

O terremoto político que abalou o governo Yeda poderia ser um bom assunto para um texto, mas não seguiria nem de perto o escopo deste blog, portanto deixarei o tema de lado para concentrar-me numa questão mais pontual (na foto: matéria publicada no Jornal do Brasil sobre o episódio).

A moda agora, no que tange à administração estadual, são os Programas Estruturantes. Até encarte em Zero Hora saiu, dando publicidade a mais essa tentativa de reorganizar a casa e fazer funcionar adequadamente a máquina pública rio-grandense.

Em linhas gerais, trata-se de uma série de medidas que, segundo o site criado para divulgar essa nova maravilha da gestão pública moderna, pretendem "gerar mais oportunidades de trabalho, estimular a criação de um ambiente de inovação tecnológica e empreendedorismo, promover o desenvolvimento da infra-estrutura para aumentar a competitividade dos produtos gaúchos, incentivar o uso racional dos recursos naturais, melhorar substancialmente a qualidade dos serviços públicos e reduzir as desigualdades regionais". Enfim, acabar de vez com todos os problemas históricos de nosso estado, e tudo isso em apenas quatro anos.

Mas não era exatamente sobre isso que eu queria falar.

Inicialmente, minha idéia era falar um pouco sobre o PE – Programa Estruturante (adoram usar siglas na administração pública) – Irrigação é a Solução, cujas medidas visam a amenizar os efeitos das estiagens sobre a agricultura do Rio Grande, tornando-a menos vulnerável às condições climáticas e mais competitiva em relação a de outras unidades da federação. O projeto prevê a construção de barragens, açudes e cisternas para o acúmulo de água para usos múltiplos e um programa de capacitação dos agricultores nas técnicas de produção irrigada.

Estão previstos ainda, no programa orçado em R$ 216 milhões, a construção das barragens Jaguarí e Taquarembó, as únicas ações realmente concretas do plano. As demais – Acumulação de Água para Usos Múltiplos, Planejamento Estratégico dos Usos Múltiplos da Água e Capacitação de Agricultores – são apenas formas genéricas de se repetir os objetivos do PE.

Não se fala – nenhuma linha – de onde virão os recursos hídricos para essa irrigação. Provavelmente será do aqüífero Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo, ocupando cerca de 1,2 milhão de km² sob terras pertencentes ao Brasil (70% da área total), Argentina, Paraguai e Uruguai (dividem os outros 30%). Em nenhum momento, fala-se sobre os impactos ambientais do projeto – pomposamente denominado "Programa Estruturante" – sobre o aqüífero.

E quem serão os grandes beneficiários dessas medidas? O pequeno agricultor rural? Ou as papeleiras que, na cara dura e bem embaixo do nariz do povo gaúcho, já ocuparam quase 5% do território do bioma pampa com plantação de eucalipto? Claro, nossa grande imprensa prefere acreditar que estão sendo gerados empregos e desenvolvimento na atrasada metade Sul do estado.

Digam-me, por favor: esses R$ 216 milhões, vocês acham que são investidos em quê? Em financiamento para projetos de irrigação para a agricultura familiar? Ou para irrigar eucalipto?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Vejam


Anotem na agenda o programa de domigo pra depois do "tele-dormindo"

Assistir ao documentário sobre José Lutzenberger!

Não que eu imagine que alguém vai estar fora da cama nesse horário com a (pouca) temperatura que tem feito, mas sempre é bom avisar..

fui