quinta-feira, 3 de julho de 2008

Amianto: a fibra assassina

O amianto é um mineral empregado principalmente na fabricação de produtos para construção civil, tais como telhas e caixas d'água. O que pouca gente sabe sobre esse material é que, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ele mata cerca de 100 mil pessoas por ano em todo o mundo. Estima-se que no Brasil existem atualmente 1 milhão de trabalhadores em contato direto com a fibra, cujos malefícios à saúde são conhecidos pelo menos desde 1906.

O asbesto, como também é conhecida a fibra, já foi banido de toda a Europa e de outros 49 países, incluindo Argentina, Chile e Uruguai. No Brasil, o mineral foi proibido nos estados do Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e, mais recentemente, São Paulo. No último dia 4 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou como constitucional a lei estadual 12.684, que proíbe o uso de amianto em território paulista.

Entre os males relacionados ao amianto, estão a asbestose (doença crônica pulmonar, popularmente chamada de "pulmão de pedra"), cânceres de pulmão e do trato gastrointestinal, e o mesotelioma, tumor maligno raro que atinge tanto a pleura como o peritônio. As narinas são incapazes de filtrar a fina poeira do asbesto, que se acumula nos pulmões e causa inflamações no parênquima pulmonar.

Penso que está na hora de o Brasil banir de uma vez por todas o amianto do país; a legislação sobre o assunto, porém, é de responsabilidade dos estados e, naturalmente, há grandes interesses econômicos envolvidos na questão. O Brasil está entre os cinco maiores produtores mundiais da fibra assassina: uma posição da qual devemos nos envergonhar, certamente.


Fonte: site da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).

Alguém bebe água da torneira em Porto Alegre?

Apesar dos investimentos no abastecimento público municipal, reportagem publicada no site Ambiente Já dá conta de que os moradores da capital gaúcha consomem preferencialmente água mineral. Isso não é nenhuma novidade. Desde que as algas começaram a se proliferar nas águas do Guaíba no verão, tornou-se praticamente impossível beber do líquido precioso que chega pelas torneiras de nossas casas, em função do gosto horroso deixado por tais plantas na água distribuída pelo Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).

A autarquia municipal tem realizado obras para aprimorar o sistema de distribuição de água na capital. Atualmente, 99,5% da população porto-alegrense tem acesso à agua tratada. Apesar disso, não conheço ninguém que se arrisque a beber água da torneira. Mas é no mínimo curioso – para não dizer coisa pior – pagar por um serviço de abastecimento público de água e ter que COMPRAR água mineral para beber.

É possível acompanhar mensalmente, no site do Dmae, os padrões de potabilidade da água medidos pelo Departamento. A título de curiosidade, verifiquei que, no último mês de maio – ainda não há estatísticas para junho –, o pH da água porto-alegrense ficou em 6,4. Se isso é bom ou ruim, não faço a menor idéia.

Foi registrada também ausência total de coliformes fecais. Ou seja: podem ficar tranqüilos que, apesar do gosto intragável, ninguém morrerá de diarréia ao beber água da torneira.


Fonte: http://www.ambienteja.info/2006/ver_cliente.asp?id=128076&aux=1

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Paraná: nuvem de veneno!

Você sabia que o estado do Paraná é o campeão nacional em produtividade de grãos? Você sabia também que, a cada minuto, são lançados impressionantes 66kg de agrotóxicos no solo paranaense? Em um ano, a cifra chega a absurdas 4 mil toneladas de defensivos agrícolas lançados no meio ambiente desse estado. Uma verdadeira nuvem de veneno.

Descobri isso lendo um artigo do deputado estadual Luiz Eduardo Cheida, autor de um projeto de lei na Assembléia Legislativa do Paraná, com o objetivo de tirar de circulação grandes volumes de pesticidas organoclorados que, a despeito da proibição em todo o território nacional, ainda são estocados por agricultores no estado. Estima-se que existem cerca de 4 milhões de quilos desse tipo de composto químico armazenados em propriedades rurais paranaenses.

O deputado traz ainda a informação de que cerca de 30% do veneno utilizado nas lavouras de seu estado é contrabandeado e entra no país via Paraguai. Somando-se os agrotóxicos legais e os pirateados, temos a suntuosa marca de 5 milhões de quilos de pesticidas lançados todos os anos em terras do Paraná. Um número alarmante, sem sombra de dúvida.


Fonte: http://www.ecoterrabrasil.com.br/home/index.php?pg=temas&cd=1749

sexta-feira, 27 de junho de 2008

É muita cara-de-pau!

Andando pelos corredores de nossa mui amada instituição de ensino, fiquei abismado ao ver um cartaz anunciando o Prêmio Agroambiental Monsanto. Primeira coisa que eu pensei: "mas é muita cara-de-pau, hein?" Vendo o site criado para divulgar o concurso – com imagens de crianças felizes e um bonito sol desenhado estampando sua capa –, fiquei ainda mais estarrecido ao perceber que não há limites para o cinismo e a hipocrisia de certas corporações.

Sustentabilidade ambiental é um termo que funciona quase como uma palavra de ordem nos dias de hoje. É difícil pensar em alguma grande empresa que não possua dentre seus projetos alguma ação nesse sentido. É bom para a corporação que, naturalmente, tira proveito desse "marketing verde".

Mas, especificamente no caso da Monsanto, a coisa extrapola todos os limites do bom-senso e da honestidade. Todo mundo já está careca de saber que a referida companhia é uma das maiores produtoras mundiais de agrotóxicos, herbicidas e de sementes transgênicas. Como que uma empresa dessas pode se dizer comprometida com a agricultura sustentável? É difícil imaginar como eles tiveram o despeito de escrever algo como:

A Monsanto é uma das pioneiras no desenvolvimento da biotecnologia, que pode contribuir para uma agricultura mais sustentável. Uma agricultura que se proponha a produzir alimentos, roupas e biocombustíveis, que reduz o desmatamento, o consumo de água e de combustíveis, o uso de agrotóxicos e as emissões de CO2. Questões fundamentais para o desenvolvimento sustentável do Brasil e vitais para o futuro do planeta.

E, logo abaixo desse texto, logotipos de seus produtos que tanto favorecem a sustentabilidade ambiental de lavouras: herbicidas e soja Roundup, defensivos agrícolas para a cultura do algodão, sementes de milho transgênicas, dentre outros. Isso pra mim só pode ser "caradurismo" disfarçado de responsabilidade ambiental.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Na TV

A Casseta continua cm todo vapor a promoção da preservação do meio ambiente. Veja como aproveitar a energia CHULEÓLICA, quadro da série "Salve o Planeta e a Casseta Também", exibido nesta terça-feira (o vídeo está na página 2 da lista, não é possível colocar o link aqui). Na semana que vem, "um dos maiores desafios ecológicos da humanidade: criar um cunhado autosustentável".

(Tá, eu sei que ando assistindo muita televisão.)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Joguinho sujo


Faz tempo que o Papa-Pilhas do Banco Real me chama a atenção. Vi a grande caixa de recolhimento de baterias usadas em diversos locais da cidade. Um banco que se encarrega da reciclagem de pilhas velhas...

Nunca engoli muito essa nova forma das empresas promoverem suas imagens de boazinhas. Os termos
responsabilidade social e sustentabilidade estão na moda, a última onda tão amada pelos RP's. Desconfio sempre porque a questão é a seguinte: será que o compromisso dessas empresas realmente é sócio-ambiental, ou é com o capital? Em última instância, o que move esse tipo de campanha: a preservação do planeta ou o engrandecimento do próprio bolso?

Vejamos o caso da Aracruz. É uma ironia a campanha publicitária veiculada durante a última Copa do Mundo, a qual trazia o slo
gan "O Brasil fazendo um bonito papel no mundo inteiro". A multinacional, que vende 99% de sua produção para a confecção européia de fraldas descartáveis, lenços de papel e absorventes femininos, é acusada pelo esgotamento do solo brasileiro provocado pela monocultura do eucalipto, fator conhecido como Deserto Verde. Além do mais, a indústria de celulose é responsável pela grilagem de diversas terras indígenas do Espírito Santo. Veja aqui o caso da demarcação de terras indígenas no Estado, em que a Aracruz produziu outdoors ofensivos aos povos indígenas e à FUNAI. Um verdadeiro papelão para o mundo inteiro.

Na área da promoção de sua imagem socio-ambiental-responsável, veja as notícias da capa do website da multinacional. Em uma delas, o texto fala sobre a participação da Aracruz no V Encontro Nacional do Diálogo Florestal para a Mata Atlântica, que pretende promover ações concretas de proteção e restauração florestal do bioma. Será que a Aracruz, que denomina produtores florestais os produtores rurais que cultivam eucalipto, realmente está precupada com a preservação de ALGUM BIOMA??!

Mas, e o
Banco Real? Acabo de descobrir que a instituição recebeu nas últimas semanas o título de Banco Sustentável do Ano, na premiação mundial oferecida pelo jornal britânico Financial Times e pelo International Finance Corporation, ligado ao Banco Mundial. Os concorrentes eram grandes instituições como o Citibank (EUA), Rabobank (Holanda) e HSBC e Standard Chartered (Grã-Bretanha). Veja a notícia na íntegra sobre a premiação aqui.

Confesso que fiquei surpresa visitando o website do Real. As campanhas de sustentabilidade vão muito além do Papa-Pilhas. Ambientes virtuais dão dicas simples para serem implantadas em nossas próprias casas, como pintar as paredes com cores claras para potencializar a iluminação dos ambientes, ou optar por móveis usados para a mobília do lar. Também a atenção na edificação é importante, como a escolha da orientação solar e a espessura das paredes, por exemplo. Todas as dicas contém um texto explicativo sobre como o Banco Real implanta em suas agências tais técnicas.


O website contéma ainda diversas referências sobre sustentabilidade, e oferece até cursos on-line sobre o tema. A primeira unidade do curso sobre Edificação Sustentável conta sobre a experiência do Real na construção da primeira agência bancária ambientalmente correta do Brasil, a Agência Granja Viana, em Cotia.


Neste blog há uma extensa análise sobre a "onda" da sustentabilidade, que fala sobre os bancos de todo o mundo terem sido os primeiros a adotarem este "selo". De acordo com o especialista em estratégia empresarial Fábio Albuquerque, dono do blog, o Citi Bank, que concorria ao título de Banco mais Sustentável do Mundo ao ladodoReal, foi alvo de protestos em meados de novembro passado, quando milhares de ativistas organizados pela ONG Rainforest Action Network protestavam nos Estados Unidos contra os investimentos do Banco em usinas de energia movidas a carvão. Ele não critica, entretanto, as estratégias socio-ambientais do Banco Real.

Indo bem longe, dá até para imaginar uma rede de interesses que se constrói em torno do lema sustentabilidade. Li hoje nesta notícia que a revista espanhola GEO oferece desconto aos anunciantes cujas campanhas publicitárias promovam o meio ambiente. Desconto para os anunciantes, mais anunciantes para a revista. Resultado: um maior número de páginas para esta revista. Conseqüentemente, um aumento no consumo de celulose para a produção do papel da publicação, ou seja, crescimento da produção de empresas como a Aracruz. E o Banco Real? Banco Real, não nos decepcione. Já pensou descobrir que a instituição financia a Aracruz?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Para quem perdeu..

Eis o documentário Legado Lutzenberger, para quem não assistiu neste domingo.

Floresta Zero


Entre a ausência de graça e a genialidade, o Casseta & Planeta segue anos a fio na programação da Rede Globo. Fazia tempo que não assistia, mas ontem à noite, confesso, resolvi desligar o indignômetro e acompanhar toda a programação da emissora, da telenovela ao Toma Lá Dá Cá, bem no estilo deita e relaxa, senão não encaixa. E confesso, estava precisando dar umas boas risadas, mesmo que fosse com piadas fracas.

Durante minha monumental deitada no sofá, vi no Casseta & Planeta um quadro de um certo tom de mal gosto, mas de crítica dura e inteligente. Em "Liquidação Total da Amazônia", com uma chamada do tipo "Corra, que está terminando!", apareciam produtos em promoção (e aí entra a parte do mau gosto) como "Presunto de Índio Ianomami" ou "Madeira de Lei Fora da Lei", sendo oferecidos como as ofertas de um canal de vendas por televisão, sobre imagens de fundo de queimadas e destruição de florestas.

O quadro se refere ao projeto de Lei 6424, apelidado de Floresta Zero, que autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. O projeto também desobriga os responsáveis pelos desmatamentos a recuperarem a área prejudicada. Sendo assim, o plantio de árvores no Rio Grande do Sul poderia compensar o desmatamento no Pará, por exemplo.

Para alívio na nação, o novo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou na semana passada que o presidente Lula é contra o projeto Floresta Zero, e se comprometeu a vetá-lo, caso seja aprovado no Congresso. (Veja notícia na íntegra do Greenpeace)

Nesse sentido, a iniciatica Meia Amazônia Não promove um abaixo-assinado contra o projeto. O website, além de informativo, é super criativo, pois oferece ao internauta o desafio de contrução de uma rede de amigos, representados por folhas de árvores, que participem da petição e a indiquem a outras pessoas. O incentivo à divulgação do website conta inclusive com um ranking, que mostra os internautas que conseguiram arrecadar mais votos. Passa lá, além de assinar, tem informações interessantes sobre a Floresta Amazônica.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Um pouco sobre a política rio-grandense de irrigação

O terremoto político que abalou o governo Yeda poderia ser um bom assunto para um texto, mas não seguiria nem de perto o escopo deste blog, portanto deixarei o tema de lado para concentrar-me numa questão mais pontual (na foto: matéria publicada no Jornal do Brasil sobre o episódio).

A moda agora, no que tange à administração estadual, são os Programas Estruturantes. Até encarte em Zero Hora saiu, dando publicidade a mais essa tentativa de reorganizar a casa e fazer funcionar adequadamente a máquina pública rio-grandense.

Em linhas gerais, trata-se de uma série de medidas que, segundo o site criado para divulgar essa nova maravilha da gestão pública moderna, pretendem "gerar mais oportunidades de trabalho, estimular a criação de um ambiente de inovação tecnológica e empreendedorismo, promover o desenvolvimento da infra-estrutura para aumentar a competitividade dos produtos gaúchos, incentivar o uso racional dos recursos naturais, melhorar substancialmente a qualidade dos serviços públicos e reduzir as desigualdades regionais". Enfim, acabar de vez com todos os problemas históricos de nosso estado, e tudo isso em apenas quatro anos.

Mas não era exatamente sobre isso que eu queria falar.

Inicialmente, minha idéia era falar um pouco sobre o PE – Programa Estruturante (adoram usar siglas na administração pública) – Irrigação é a Solução, cujas medidas visam a amenizar os efeitos das estiagens sobre a agricultura do Rio Grande, tornando-a menos vulnerável às condições climáticas e mais competitiva em relação a de outras unidades da federação. O projeto prevê a construção de barragens, açudes e cisternas para o acúmulo de água para usos múltiplos e um programa de capacitação dos agricultores nas técnicas de produção irrigada.

Estão previstos ainda, no programa orçado em R$ 216 milhões, a construção das barragens Jaguarí e Taquarembó, as únicas ações realmente concretas do plano. As demais – Acumulação de Água para Usos Múltiplos, Planejamento Estratégico dos Usos Múltiplos da Água e Capacitação de Agricultores – são apenas formas genéricas de se repetir os objetivos do PE.

Não se fala – nenhuma linha – de onde virão os recursos hídricos para essa irrigação. Provavelmente será do aqüífero Guarani, maior reserva subterrânea de água doce do mundo, ocupando cerca de 1,2 milhão de km² sob terras pertencentes ao Brasil (70% da área total), Argentina, Paraguai e Uruguai (dividem os outros 30%). Em nenhum momento, fala-se sobre os impactos ambientais do projeto – pomposamente denominado "Programa Estruturante" – sobre o aqüífero.

E quem serão os grandes beneficiários dessas medidas? O pequeno agricultor rural? Ou as papeleiras que, na cara dura e bem embaixo do nariz do povo gaúcho, já ocuparam quase 5% do território do bioma pampa com plantação de eucalipto? Claro, nossa grande imprensa prefere acreditar que estão sendo gerados empregos e desenvolvimento na atrasada metade Sul do estado.

Digam-me, por favor: esses R$ 216 milhões, vocês acham que são investidos em quê? Em financiamento para projetos de irrigação para a agricultura familiar? Ou para irrigar eucalipto?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Vejam


Anotem na agenda o programa de domigo pra depois do "tele-dormindo"

Assistir ao documentário sobre José Lutzenberger!

Não que eu imagine que alguém vai estar fora da cama nesse horário com a (pouca) temperatura que tem feito, mas sempre é bom avisar..

fui

domingo, 25 de maio de 2008

Tristeza não tem fim, preguiça sim


Eu remo. Metaforicamente na vida, seja na faculdade (faz parte da crise existencial que acomete alguns fabicanos lá pelo início-meio do curso), ou no que é, digamos, mais privado, mas me refiro ao esporte mesmo.

E (por vezes) é triste remar. Não pelo frio horroso que faz às 5 e meia da manhã quando tu acorda pra dar termpo de pegar a barca das 6 e 45 e pôr o barco na água às 7, nem pela incrível solidão que muitas vezes te acomete no meio do Guaíba, ou ainda pela dureza que é ter que enfrentar a intempérie pra não ficar a deriva quando o tempo muda subtamente. Não mesmo. O que destrói mesmo alguém que gosta desse contato com esportes náuticos é perceber como está sendo morta a nossa água.

É entrar no barco depois de alguns dias de chuva e remar sacolas, garrafas, embalagens, enfim, tudo que deveria estar no caminhão da coleta seletiva ou na carroça de algum catador... Por vezes me pergunto se um dia vou poder encostar o barco numa manhã quente de verão sem ter medo da quantidade de sujeira depositada ali e que vai passar pro meu corpo, tomar um banho gostoso e refrescante no costado de qualquer ilha e voltar feliz.

Dá um pequeno alívio e alguma esperança perceber que, mesmo com todo esse cenário trágico, algumas pessoas tentam reverter a situação e não ficam de braços cruzados diante do assassinato das águas que nos cercam e das quais dependemos diretamente, não apenas pra praticar o remo, mas pra viver. Pode até parecer puxa-saquismo da minha parte, mas fico bastante contente de saber que o clube que me recebe para tal atividade física (bem como ao meu pagamento mensal), se mobilizou numa campanha pra também receber óleo de cozinha usado nas suas sedes!

Agora os preguiçosos que forem sócios de lá poderão aproveitar e pôr a mão na consciência, melhor ainda, em alguma garrafa pet e enchê-la de óleo que não será descartado de forma omissa e errônea mais uma vez ao levarem consigo tada a vez que pintarem por lá...



quinta-feira, 15 de maio de 2008

FABICO super verde

Depois da composteira (que chegou a ser confundida com um campo de pouso alienígena), a área externa da FABICO continua sua incursão ecologicamente correta. Quem circulou pelo jardim do prédio na manhã desta quarta-feira se surpreendeu com a terra que está sendo levada pro alto do telhado do prédio.

Transbordando de curiosidade, conversei com o funcionário que enchia o balde de terra, que era após levantado até o telhado e lá descarregado.

Colegas fabicanos, tragam suas sementes e mudas de alface!

O trabalhador me explicou a última aposta ambiental da nossa faculdade: o telhado vivo. Uma solução verde encontrada para substituir a antiga cobertura de alumínio, que gerava incômodos reflexos no interior do prédio, além de cozinhar os alunos durante as aulas no primeiro andar.

Além de colaborar no equilíbrio da temperatura interna do prédio, o telhado vivo faz com que, em dias de chuva, a água não caia do telhado em uma bela cachoeira, que banha os alunos já na porta da FABICO. O funcionário me explicou que o telhado vivo absorve a água da chuva, e a elimina lentamente.

A grande possibilidade de infiltrações que esse jardim suspenso pareceu causar, porém, me chamou a atenção. O moço me explicou que a terra a ser cultivada é colocada sobre uma lona grossa, muito resistente, com vida útil de dez anos. Especialista na produção de telhados vivos, o jovem senhor diz que o primeiro que construiu, há seis anos, continua funcionando muito bem até hoje.

É a máquina perfeita da natureza dando jeito nos telhados tortos dos homens.

Para saber mais:
Ecotelhado
Planeta Sustentável

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Aí tem


Do site Ambiente Já
Carlos Minc é confirmado o novo ministro do Meio Ambiente

O secretário do meio ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, foi confirmado como ministro do Meio Ambiente no lugar de Marina Silva. Minc tem uma história no movimento ambientalista brasileiro, já foi secretário municipal do Meio Ambiente no Rio de Janeiro e é muito respeitado entre os ambientalistas do Sul/Sudeste.

Apesar de o presidente Lula ter dito que a política de meio ambiente de seu governo não vai mudar, está difícil neste momento entender o que isto quer dizer. O que não vai mudar é a política que vinha sendo desenvolvida pela ex-ministra Marina, de confrontação com madeireiros e exigência de medidas redução de impactos de grandes obras na Amazônia. Ou o que será mantido á a política de dar mensagens dúbias para a sociedade, como o presidente faz ao criticar o Ministério do Meio Ambiente e aproximar-se de grupos econômicos fortes e com interesses no desmatamento.

No mesmo dia em que Marina se demitiu o presidente baixou medida provisória autorizando a venda de terras pública na Amazônia para grileiros que já tenham desmatado parte da área. Quando o presidente fala que não haverá mudança na Política Ambiental é preciso saber de que política ambiental ele está falando. O Brasil está em um momento chave de sua história, pela primeira vez os insumos ambientais que o País tem estão valorizados no mercado internacional. Sem um eficiente zoneamento econômico/ecológico, que defina o que deve e pode ser produzido, e onde. Este zoneamento possibilitaria maior eficiência de produção e de logística na produção brasileira de biomassa.

Minc terá pela frente o desafio de manter as regras ambientais frente ao grande crescimento econômico do Brasil, sem ser, também, acusado de “atravancar o desenvolvimento”. Resta agora esperar o novo Ministro retornar da França, onde está em viagem oficial pelo Estado do Rio de Janeiro. O segundo escalão vai definir muito do que será este novo MMA.


Quando "situações" como a da (suposta) repentina demissão de Marina Silva, seguida da citada MP que autoriza a venda de terras da Amazônia, vêm à tona, uma pulguinha tende a pular atrás do ouvido dizendo que aí tem. Infelizmente, enquanto interesses politico-econômicos estiverem hierarquicamente acima dos ambientais, estaremos muitíssimo longe de qualquer chance de mudança.

O lamento dos ambientalistas


Marina Silva pediu demissão nesta terça-feira do cargo de Ministra do Meio Ambiente, após seis anos de mandato. Em carta destianda ao presidente Lula, Marina informou que deixa o ministério devido às dificuldades que vinha enfrentando para cumprir a agenda ambiental.

Também o presidente do Ibama, Bazileu Margarido e o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, João Paulo Capobianco, que é inclusive secretário-executivo do ministério, se demitiram.
Os ambientalistas recebem com procupação a notícia. "Trata-se de uma clara demonstração de que a área ambiental não tem espaço no atual governo", declarou à Folha de São Paulo a secretária-geral do WWF, Denise Hamú. Já o diretor do Greenpeace Frank Guggenheim disse à Folha que "o ambiente na visão deste governo é um entrave ao progresso, uma pedra no caminho" já que Marina "nunca conseguiu implementar a sua visão de que o ambiente era uma questão de todos os ministérios".

Os problemas de Marina Silva como governo Lula teriam começado em julho do ano passado, quando sofreu pressões da ministra chefe da Casa Civil Dilma Russef pela demora na liberação de licenças ambientais para obras no rio Madeira, em Rondônia, às quais Marina se opunha.

Especialistas apontam também o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como um dos motivos que culminaram com a demissão de Marina. "A ministra tentou mostrar para os seus colegas de ministério que, para o Brasil ser moderno, ele precisava integrar a dimensão ambiental ao seu desenvolvimento. Mas os seus colegas, que pensam o desenvolvimento somente em uma dimensão (econômica), não foram capazes de aproveitar os conselhos dela", declarou José Maria Cardoso da Silva, da Conservação Internacional do Brasil, à Folha de São Paulo".

No iníco deste ano, Marina Silva foi citada pelo jornal britânico The Guardian como uma das 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Está na mídia



Degelo no Ártico. (Na foto, Sibéria). Fonte: Le Figaro

O derretimento do gelo dos pólos preocupa os cientistas. A Folha de São Paulo informou nesta terça-feira que o derretimento total das geleiras do pólo norte pode acontecer ainda neste verão, antecipando em décadas as previsões para este fenômeno.

A gradual diminuição da área das calotas é acentuada. Segundo a Folha, em setembro passado a capa de gelo marinho do Ártico teve o maior encolhimento da história. O fator provocou o aparecimento de uma rota marítima entre Europa e Ásia, chamada Passagem Noroeste, por onde até então era impossível passar.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ciberativismo ambiental?

Ciberativismo, eu nunca tinha parado para pensar na existência deste termo. É a utilização da Internet por grupos politicamente motivados, a fim de promover mobilização nos mais diversos âmbitos. A rede pode ser muito eficaz quando utilizada em prol do ativismo social, pois pode reunir com facilidade milhões de pessoas geograficamente isoladas em um único propósito.

Na área ambiental, o Greenpeace publica diversas petições online, como esta pedindo que o governo federal desenvolva políticas nacionais de mudanças climáticas; ou esta, também endereçada ao Planalto, que se manifesta contra a construção da usina nuclear Angra 3. O Greenpeace oferece ainda a possibilidade do internauta se tornar um ciberativista ambiental no conforto de sua caixa de entrada, assinado o boletim mensal da organização.

(Para quem gosta de estudos relacionados à comunicação e cibercultura, vale a pena dar uma olhada no trabalho
Redes e ciberativismo: notas para uma análise do centro de mídia independente, de Maria Eugenia Cavalcanti Rigitano.)

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O lixo de Nápolis


A União Européia abriu um processo judicial contra o governo da Itália. O motivo é a crise do lixo, um problema crônico no país, que dura 14 anos. Em janeiro deste ano, quando mais uma vez a cidade de Nápolis chegou ao caos com toneladas de lixo espalhadas pelas ruas e rodovias, a União Européia exigiu que a Itália solucionasse o problema.

Conhecendo bem a lentidão do funcionamento da máquina pública italiana, não é de se surpeender que em quatro meses o sistema de coleta e tratamento de resíduos no sul do país ainda não tenha sido aprimorado. Como medida emergenciai, em janeiro de 2008 o governo italiano chegou a enviar à Alemanha trens carregados de resíduos domésticos para tratamento. Na ocasião, especulou-se ainda que o lixo do sul da Itália estava sendo depositado também na Ilha da Sicília. Chegando em maio, o problema volta a se repetir. Neste semana, haviam 30 mil toneladas de lixo nas ruas da região napolitana. Com a chegada do verão, a populaçaõ corre o risco maior de contrair doenças como cólera.

Além da reestruturação da coleta de resíduos urbanos, a conscientização da população italiana é fator muito importante para a resolução da crise. No centro e no norte do país, o sistema de separação e reciclagem funciona bem e é disceminada a consciência da redução da utilização de plásticos e papel.

O sul da Itália, entretanto, parece um país a parte. Subdesenvolvida e esquecida, a região enfrenta desemprego e corrupção. A população não tem o mesmo grau de informação que o restante da nação. O resultado é refletido também na crise do lixo. Em um café da manhã que tomei em um albegue de Nápolis, me foi servida a mesma quantidade de produtos descartáveis, como copos e pratos, que demoraria uma semana para consumir em qualquer outro lugar da Itália.


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Para onde vão os computadores usados?


Entre mortos, feridos e altamente prejudicados pelo ciclone extra-tropical que passou por Porto Alegre e litoral gaúcho neste fim-de-semana, eu fiz minha mudança. Agora vivemos eu e as caixas, que estão por toda parte. Dentre os seres que povoam o chão do apartamento novo, está meu antigo computador. Um senhor da terceira idade, com dores esporádicas nas juntas, mas que ainda tem alguns anos de vida pela frente.

Estou há dias me perguntando que feliz ou infeliz destino devo dar ao Aurélio. Resolvi recorrer então ao Deus oniciente, salve Google, que trouxe luz ao caminho da minha querida máquina usada.

Existem organizações como a Fundação Pensamento Digital, que promove projetos educacionais em comunidades de baixa renda. Com a ajuda de empresas e instutições parceiras, entre elas UFRGS, PUC-RS e Dell, os voluntários dão um honrado destino a computadores usados, que recebem por meio de doações.

A ONG, localizada em Porto Alegre, recebeu prêmios como o Social Enterprise Laboratory 2003 – concedido pela Digital Partners, de Seattle, EUA. Para doar, é preciso preencher este formulário. Ao receber uma doação, a Fundação Pensamento Digital emite recibo, permitindo que o valor doado seja abatido em impostos devidos.

Eis um nobre fim, ou início, que pretendo dar ao meu Aurélio: tornar-se um agente da inclusão digital.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Controversa composteira

Desde o começo do semestre, tem despertado a curiosidade dos fabicanos uma pequena construção de tijolos que foi erguida no pátio da unidade de ensino. Trata-se de uma composteira: um depósito de materiais orgânicos como galhos e folhas secas, cascas de frutas e legumes, borra de café e restos de erva-mate. Esses resíduos acumulados, depois de decompostos, podem ser aproveitados como adubo.

Em 2007, foi criada a Coordenadoria de Gestão Ambiental da UFRGS, dirigida pelo engenheiro agrônomo Darci Campani. Desde então, cada unidade acadêmica possui um gestor ambiental, técnico encarregado de elaborar políticas de sustentabilidade na universidade.

Marta Agustoni, gestora ambiental da Fabico, conta que a faculdade foi pioneira na atitude ecológica dentro da UFRGS, pois realiza desde 2002 ação de coleta seletiva e reciclagem, em parceria com uma unidade de triagem de resíduos gerenciada por pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro. "Outra ação importante foi a implantação das lixeiras nos corredores, em 2004, seguida de uma campanha de conscientização do público da faculdade sobre a separação do lixo", revela Marta.

A técnica também explica que, em 2007, foi montada uma composteira na lateral do prédio da unidade de ensino. A estrutura, feita de tela metálica, não seguia os padrões exigidos pela legislação ambiental; por isso, técnicos da universidade determinaram que fosse construído um novo depósito de alvenaria.

Alguns alunos questionam a localização da nova composteira. Eles dizem que o material orgânico trará mau cheiro ao pátio da Fabico. Marta, porém, garante que não haverá cheiro ruim com o novo recipiente de resíduos. Ela destaca que o material depositado na composteira será usado na fertilização do solo do jardim da faculdade.

"O novo depósito de composto orgânico atenderá, depois de pronto, não apenas a Fabico, mas também o Planetário e a Escola Técnica da UFRGS", afirma a técnica. Para o futuro, a gestão ambiental da Fabico pretende implantar uma espécie de "cobertura verde" no telhado do andar térreo da unidade. O projeto, que será implantado em caráter experimental, promete reduzir o calor nas salas de aula e melhorar o aspecto estético do telhado.

Veremos então.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Os direitos da natureza

Acho que vale a pena publicar na íntegra:


A natureza não é muda
Por Eduardo Galeano*

O Equador está discutindo uma nova Constituição. Entre as propostas, abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história, os direitos da natureza. Parece loucura querer que a natureza tenha direitos. Em compensação, parece normal que as grandes empresas dos EUA desfrutem de direitos humanos, conforme foi aprovado pela Suprema Corte, em 1886.

O mundo pinta naturezas mortas, sucumbem os bosques naturais, derretem os pólos, o ar torna-se irrespirável e a água imprestável, plastificam-se as flores e a comida, e o céu e a terra ficam completamente loucos.

E, enquanto tudo isto acontece, um país latino-americano, o Equador, está discutindo uma nova Constituição. E nessa Constituição abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história universal, os direitos da natureza.

A natureza tem muito a dizer, e já vai sendo hora de que nós, seus filhos, paremos de nos fingir de surdos. E talvez até Deus escute o chamado que soa saindo deste país andino, e acrescente o décimo primeiro mandamento, que ele esqueceu nas instruções que nos deu lá do monte Sinai: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".

Um objeto que quer ser sujeito

Durante milhares de anos, quase todo o mundo teve direito de não ter direitos.

Nos fatos, não são poucos os que continuam sem direitos, mas pelo menos se reconhece, agora, o direito a tê-los; e isso é bastante mais do que um gesto de caridade dos senhores do mundo para consolo dos seus servos.

E a natureza? De certo modo, pode-se dizer que os direitos humanos abrangem a natureza, porque ela não é um cartão postal para ser olhado desde fora; mas bem sabe a natureza que até as melhores leis humanas tratam-na como objeto de propriedade, e nunca como sujeito de direito.

Reduzida a uma mera fonte de recursos naturais e bons negócios, ela pode ser legalmente maltratada, e até exterminada, sem que suas queixas sejam escutadas e sem que as normas jurídicas impeçam a impunidade dos criminosos. No máximo, no melhor dos casos, são as vítimas humanas que podem exigir uma indenização mais ou menos simbólica, e isso sempre depois que o mal já foi feito, mas as leis não evitam nem detêm os atentados contra a terra, a água ou o ar.

Parece estranho, não é? Isto de que a natureza tenha direitos... Uma loucura. Como se a natureza fosse pessoa! Em compensação, parece muito normal que as grandes empresas dos Estados Unidos desfrutem de direitos humanos. Em 1886, a Suprema Corte dos Estados Unidos, modelo da justiça universal, estendeu os direitos humanos às corporações privadas. A lei reconheceu para elas os mesmos direitos das pessoas: direito à vida, à livre expressão, à privacidade e a todo o resto, como se as empresas respirassem. Mais de 120 anos já se passaram e assim continua sendo. Ninguém fica estranhado com isso.

Gritos e sussurros

Nada há de estranho, nem de anormal, o projeto que quer incorporar os direitos da natureza à nova Constituição do Equador.

Este país sofreu numerosas devastações ao longo da sua história. Para citar apenas um exemplo, durante mais de um quarto de século, até 1992, a empresa petroleira Texaco vomitou impunemente 18 bilhões de galões de veneno sobre terras, rios e pessoas. Uma vez cumprida esta obra de beneficência na Amazônia equatoriana, a empresa nascida no Texas celebrou seu casamento com a Standard Oil. Nessa época, a Standard Oil, de Rockefeller, havia passado a se chamar Chevron e era dirigida por Condoleezza Rice. Depois, um oleoduto transportou Condoleezza até a Casa Branca, enquanto a família Chevron-Texaco continuava contaminando o mundo.

Mas as feridas abertas no corpo do Equador pela Texaco e outras empresas não são a única fonte de inspiração desta grande novidade jurídica que se tenta levar adiante. Além disso, e não é o menos importante, a reivindicação da natureza faz parte de um processo de recuperação das mais antigas tradições do Equador e de toda a América. Visa a que o Estado reconheça e garanta o direito de manter e regenerar os ciclos vitais naturais, e não é por acaso que a Assembléia Constituinte começou por identificar seus objetivos de renascimento nacional com o ideal de vida do sumak kausai. Isso significa, em língua quechua, vida harmoniosa: harmonia entre nós e harmonia com a natureza, que nos gera, nos alimenta e nos abriga e que tem vida própria, e valores próprios, para além de nós.

Essas tradições continuam miraculosamente vivas, apesar da pesada herança do racismo, que no Equador, como em toda a América, continua mutilando a realidade e a memória. E não são patrimônio apenas da sua numerosa população indígena, que soube perpetuá-las ao longo de cinco séculos de proibição e desprezo. Pertencem a todo o país, e ao mundo inteiro, estas vozes do passado que ajudam a adivinhar outro futuro possível.

Desde que a espada e a cruz desembarcaram em terras americanas, a conquista européia castigou a adoração da natureza, que era pecado de idolatria, com penas de açoite, forca ou fogo. A comunhão entre a natureza e o povo, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e depois em nome da civilização. Em toda a América, e no mundo, continuamos pagando as conseqüências desse divorcio obrigatório.

* Publicado originalmente no semanário Brecha, do Uruguai. Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores(Envolverde/Agência Carta Maior)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Estudo norte-americano comprova viabilidade da agricultura orgânica

Navegando pela internet, descobri uma revista eletrônica da Universidade de Cambridge, Estados Unidos. A Renewable Agriculture and Food Systems é uma publicação multidisciplinar com foco em abordagens ambiental, econômica e socialmente sustentáveis para a agricultura e a produção de alimentos. Seus artigos discutem os impactos econômicos, ecológicos e ambientais da agricultura, o uso de recursos renováveis e da biodiversidade em agro-ecossistemas e as implicações tecnológicas e sociológicas de sistemas de alimentação sustentável.

Em trabalho recentemente publicado na revista, Badgley e colaboradores demonstraram com sua pesquisa que a agricultura orgânica, ao contrário do que afirmam seus críticos, tem potencial para "contribuir substancialmente para o abastecimento global de alimentos", reduzindo o impacto ambiental causado por pesticidas e fertilizantes sintéticos. Os estudiosos também sugerem que métodos orgânicos de cultivo propiciam índices de produtividade por hectare semelhante ao observado com o emprego de métodos agrários convencionais (ou seja, com o uso de agrotóxicos e fertilizantes inorgânicos).

Sabemos – e não é de hoje – que os pesticidas interferem na qualidade dos alimentos que consumimos e, consequentemente, em nossa saúde; agora, a ciência atesta: a agricultura orgânica pode ser tão eficiente na produção de alimentos quanto a agricultura tradicional. Difícil, porém, é modificar práticas de cultivo profundamente arraigadas entre os produtores, bem como diminuir a influência do poder econômico no mundo rural. Com a presença maciça no campo de gigantes como a Monsanto (só para citar uma grande empresa do ramo), me parece ainda um tanto distante a mudança em questão.

domingo, 20 de abril de 2008

Alfabetização ecológica: educação para a sustentabilidade

Este semestre, sou aluno da profª. Ilza Girardi na cadeira de Jornalismo Ambiental na Fabico/UFRGS. Bem interessantes as aulas (aliás, nos últimos tempos, tenho me interessado bastante pela questão ambiental: não foi à toa que me meti num blog sobre esse assunto); numa delas, tive que apresentar um texto sobre a alfabetização ecológica, conceito cunhado por Fritjof Capra, físico e téorico austríaco, conhecido por suas obras – entre elas, O ponto de mutação e A teia da vida – sobre o paradigma emergente e o pensamento sistêmico na ciência contemporânea.

Para ele, a alfabetização ecológica seria a base para a formação de comunidades sustentáveis, justamente porque trabalha com as crianças desde cedo, desenvolvendo a consciência ambiental e aquilo que Leonardo Boff denominou de a "ética do cuidado": ou seja, através do trabalho pedagógico com os pequenos na horta escolar, seria possível mostrar na prática a sucessão dos ciclos da natureza, as noções de nascimento, desenvolvimento e morte e criar desde a mais tenra idade consciência a respeito da importância da preservação ambiental.

Outro aspecto importante ressaltado por Capra é a aprendizagem baseada em projetos, adotada por ele em seu Centro para Alfabetização Ecológica da Universidade de Berkeley, EUA. Sob este princípio, crianças são educadas por meio de experiências de aprendizagem que as engajam em projetos complexos do mundo real, dando a oportunidade de desenvolver e aplicar suas habilidades e conhecimentos em situações concretas do dia-a-dia.

O uso da horta escolar seria então um desenrolar desta nova experiência de aprendizado, levando às crianças a compreensão dos princípios básicos da ecologia e mostrando a elas como viver de acordo com os preceitos da sustentabilidade ambiental.

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Sites relacionados:

Fritjof Capra: http://www.fritjofcapra.net/

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Livre de carbono! E daí?

Antes de mais nada, preciso comentar a impressão que tive ao ler a tal Época "Carbon free" sobre a qual a Mauren escreveu um post.

Praticamente no meio da revista havia um" Especial Meio Ambiente", com direito a uso quase que indiscriminado de verde nas cartolas, nas capitulares, nos boxes, enfim , em tudo que não comprometesse a legibilidade em não sendo preto. Depois das diversas matérias, cujo foco principal se centrava na mudança de pequenas atitudes cotidianas possíveis em prol da diminuição máxima das emissões de carbono, além da defesa dos slogans "compre verde", "consumo consciente", "responsabilidade ambiental" permearem, em maior ou menor grau, esses mesmos textos, pergunto o que quer dizer aquele anúncio de página dupla, bem no meio do tal especial, com papel de gramatura superior a das páginas "jornalísticas", cheio da pompa e do glamour, comunicando que "O mundo acordou diferente: chegou o novo Corolla!!"

Isso não tem cabimento. A Época pode plantar quantas árvores quiser para neutralizar a revista, mas, francamente, uma publicidade da Toyota, a maior montadora de carros de 2007, no meio, literalmente, de um compêndio de reportagens que pretendem nos convencer que todos nós devemos mudar os nossos hábitos de consumo para salvar o planeta é muita faláscia.

Silêncio, por favor!

Hoje é o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído. É já, por sinal, a 13ª edição da data, e eles ficaram tão quietinhos que eu nem fiquei sabendo da gloriosa falta de barulho. O dia do "calem-a-boca-por-favor" é uma proposta da Liga para o Deficiente Auditivo de Nova York, que pretende informar sobre os efeitos do excesso de ruídos na audição, saúde e qualidade de vida.

Nesta notícia da Revista Digital Envolverde, são listados alguns problemas que envolvem a poluição sonora:

"- O ruído contamina o ambiente e afeta a saúde.
- Provoca perda de audição, estresse, dor de cabeça, náuseas, desequilíbrio corporal, afeta o sistema circulatório, digestivo, nervoso, o ritmo cardíaco, a respiração, o descanso, sono, concentração, comunicação, estudo, trabalho, a economia, os direitos humanos.
- Músicas, filmes, festas, esportes a todo volume; atividades e equipamentos ruídosos, afetam a vizinhança, passageiros, clientes e trabalhadores."

Brilhante iniciativa!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Uma alternativa à descarga

Anteontem faltou água aqui em casa e em outras milhares de casas da cidade. Segundo a prefeitura de Porto Alegre, os problemas começaram no domingo, com o rompimento de uma adutora d'água, deixando 16 bairros sem abastecimento. Quando este problema foi consertado, a pressão da água, maior que o habitual, rompeu o encanamento em outros três pontos. Ou seja, cheguei em casa na segunda-feira, após 8 horas de trabalho, e nada de água no chuveiro.

Consegui encher um balde colecionando os miúdos fios de água de todas as torneiras e me dei um banho que posso considerar assim, satisfatório, pela pequena quantidade de água que utilizei. Me surpreendi com o resultado do banho improvisado, mas me ferrei na hora que deu vontade de ir no banheiro. A primeria pergunta foi: como dar a descarga? E a segunda vei com o tempo... Se eu tivesse mais água disponível em alguma torneira de meu apartamento, eu, faminta! daria descarga ou lavaria a salada pra janta?

É meio estúpido o ser humano se achar inteligentão por ter inventado a patente, o vaso ou WC, pois o negócio mistura merda com água potável, água que passou por processos de tratamento para ser consumida. Vaso sanitário é um desperdício de água.

Há muito tempo atrás, a mesma espécie de gente que inventou a mistura cocô com água, também descobriu que cocô pode ser transformado em húmus, se misturado com as substâncias secas corretas. É uma técnica antiga, herança de vários povos.


Créditos fotográficos e mais informações: Portal Agroecologia

Existem várias formas de transformar o que antes era esgoto em adubo, e o cocô estocado lá no fundo do banheiro seco não favorece o aparecimento de agentes patogênicos, não tem cheiro ruim, e poupa o meio ambiente e seus recursos, além de se tornar um fértil composto orgânico.

A permacultura, ou culltura permanente, é um conjunto de ações psíquicas e práticas que promovam um ambiente sustentável, no qual o ser humano seja integrado e respeitoso à natureza. A rede de permacultores Permear afirma que "Permacultura oferece as ferramentas para o planejamento, a implantação e a manutenção de ecossistemas cultivados no campo e nas cidades, de modo a que eles tenham a diversidade, a estabilidade e a resistência dos ecossistemas naturais. "

No Rio Grande do Sul, diversos grupos desenvolvem técnicas de permacultura, como o Instituto de Permacultura do Rio rgande do Sul, IPERS, no município de Viamão. A Fundação Gaia também promove a disceminação deste tipo de idéia. O Rincão Gaia é uma área antigamente degradada pela exploração de pedras, hoje recuperada, e transformada em centro de educação ambiental.

O encontro que acontece nos dias 12 e 13 de abril é o primeiro módulo do curso “Educação Ambiental: Construindo a Cultura da Paz”. Teorias sobre a permacultura serão mescladas com atividades práticas como exercício de percepção dos padrões da natureza encontrados no local e exercício prático de design permacultural. Nos dois dias de atividades, os participantes convivem no alojamento do Rincão Gaia, realizam todas as refeições em grupo, praticam ainda ioga no início do dia e uma festa de confraternização na noite do sábado. Os ministrantes do curso são Beatriz Osório Stumpf, mestre em Psicobiologia, e Luciano Tizziani da Silva, arquiteto, com diversas experiências na área da permacultura.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Permacultura e a Educação Ambiental

Recebi o convite abaixo hoje. Tenho muita vontade de conhecer o Rincão Gaia, dizem que é lindo e que as comidas são deliciosas, com produtos orgânicos e sem carne. Vou me informar mais sobre o encontro, depois trago mais detalhes.

A Fundação Gaia – Legado Lutzenberger realiza nos dias 12 e 13 de abril, no Rincão Gaia, em Pantano Grande, o primeiro módulo do encontro “Educação Ambiental: Construindo a Cultura da Paz”. Nesta oportunidade, a educadora Beatriz Osório Stumpf e o arquiteto e urbanista Luciano Tizziani da Silva abordarão, através de atividades teórico práticas, a relação entre a Permacultura e a Educação Ambiental. Os ministrantes apresentarão métodos para a inserção da permacultura como instrumento na realização de programas educativos ambientais, integrados a diferentes realidades locais. Será realizado um exercício de planejamento de ambientes sustentáveis (Design Permacultural), que junto à utilização de métodos participativos, pode contribuir para o estabelecimento de ambientes ecológicos em escolas (de forma integrada à aprendizagem dos conteúdos curriculares), comunidades rurais ou urbanas e empresas. Inscrições até 09 de abril. Maiores informações: 3330-3567 e 3331-3105.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Plástico da discórdia

Minha idéia inicial era escrever sobre a instituição chuveiro elétrico no Brasil, mas me vi obrigada a deixar para uma outra oportunidade ao perceber o debate interessante que pode surgir a partir de um dos temas abordado pela colega blogueira Emanuela no seu post "Peixe de plástico?", o do reaproveitamento e reutilização de sucata, em especial, a das famigeradas garrafas pet.

No último verão tive a oportunidade de conhecer José Alcino Alano, um senhor da cidade de Tubarão-SC que, em determinado momento, se viu diante de uma necessidade de gastar menos com a conta de luz e procurou alternativas. Primeiro fez o que muitas pessoas optam, trocou seu chuveiro elétrico por modelos cujo aquecimento se dava com uso de gás. Eis que surgiu um outro problemaço, o tempo com o registro aberto até ter a água devidamente aquecida e, portanto, um alto grau de desperdício, além de não se sair do mesmo lugar, apenas trocando uma conta grande por outra de igual peso. Mas vocês podem me perguntar onde entram as tais garrafas pet nessa história toda? Na mudança de destinação, enquanto a maioria de nós segue indo ao supermercado comprar uma série de produtos embalados com pets, os utilizamos e jogamos fora, alguém, esse barriga-verde, pensou em alongar a vida útil desses materiais e dar nova utilidade à algo fadado aos lixões e à indústria de reciclagem.

José Alano não só desenvolveu um painel de aquecimento solar a partir de garrafas pet e embalagens tetrapack de leite, mas patenteou seu invento para que ninguém pudesse se apropriar dele e usar para fins de enriquecimento próprio, pois gostaria que mais pessoas pudessem ter acesso fácil e gratuito àquela tecnologia. Concordo que não devemos incitar ao consumo inadvertido de produtos gerados de derivados de petróleo, mas penso que são muitíssimo válidas as iniciativas de fazer alguma coisa com o que já consumimos e que não é pouco, em vez de seguirmos colocando as coisas nos devidos lugares, ou seja, os lixos seco, orgânico, para plásticos, papéis, metais etc. e acreditando que mudanças substancias em nossos extremamente arraigados e confortáveis hábitos de consumo serão transformados da noite para o dia. Certamente quando mudarmos (ou a mídia, as instituições de educação e de formaçãoo de opinião mudarem) nossa concepção de quê, para ser feliz, é imprescindível que consumamos initerruptamente e sempre, talvez consigamos levantar nossos tão bem sentados traseiros e mexer nossas fracas pernas que pegam elevadores para subir ao terceiro andar da faculdade para ir ao supermercado com nossas embalagens de vidro e realizarmos um reabastecimento!

Esse senhor criou um invento de execucao relativamente barata e simples, que pode propiciar banho quente a quem poderia ainda nao ter esse conforto, ou, se tem, gera grande ônus financeiro, que diminui o consumo de energia elétrica, especialmente no horário de pico; vale aqui lembrar este é compreendido entre 18 e 21h, ou seja, os que coincidem com a chegada das pessoas do trabalho e, consequentemente, o da tomada de muitos banhos de chuveiros elétricos simultanemente; que dá nova utilidade ao que seria lixo e, por conseguinte, prolonga sua curta vida útil e cuidou para que fosse acessivel a todos e isso seria incitar ao consumismo?

Não posso concordar mesmo, tampouco com a fabricação dos pufes, pois essa idéia pôde gerar renda a pessoas que se organizaram em cooperativas de trabalho para produzir, adivinha o quê? Pufes de pets! Parece-me um tanto quanto complicado condenar, a priori, certas iniciativas, quando a mudança necessaria para se sair de um ideal de felicidade que se valida no ato do consumo é ainda muito distante e deveras complexa. Enquanto seguirmos enquadrados nesse contexto e corroborando para a manutençãao do status quo, não serei eu a primeira atirar pedra no telhado dos outros, afinal meu teto segue de vidro.

terça-feira, 1 de abril de 2008

As 100 maiores descobertas da Biologia

Coragem: esse vídeo é um documentário de 43 minutos. E em inglês. Mas é visualmente muito rico, com imagens micro e macroscópicas sobre as grandes descobertas no campo das Ciências Biológicas. Quem quiser apostar vale à pena.


segunda-feira, 31 de março de 2008

Peixe de plástico?

Passei o último domingo na Ilha das Flores. Churrasco, pescaria no Guaíba, passeio de barco. Em meio às atividades dominicais, me impressionou profundamente a criatividade e jogo de cintura dos moradores, em sua grande maioria pescadores, na construção de suas casas. São muito simples, pequenas, feitas por eles mesmos, verdadeiros mosaicos de itens que vão sendo encontrados pela cidade, ou comprados a preços baixos no comércio de usados.

A sucata é muito presente nas soluções do dia-a-dia dos humildes pescadores. No banheiro da casa em que estive, a extremidade da cordinha da caixa de descarga era feita com uma tampinha vermelha de garrafa pet. Recipientes plásticos se transformavam nos mais variados fins como vasos de flor e baldes.

O reaproveitamento de sucata, especialmente o plástico, não é somente uma realidade da população pobre da Ilha das Flores. Quantas vezes vemos na televisão um senhor de classe média que construiu banquinhos para a sala com garrafas pet, ou as senhoras do Clube de Mães que produziram brinquedos para doação? No último Natal Luz de Gramado, foram arrecadadas 100 mil garrafas para a decoração das ruas da cidade!

Concordo na reutilização de sucata, especialmente no caso das pessoas humildes, em que não há outra saída a não ser esta, mas não concordo com o papel da mídia e das instituições de educação e formação de opinião, no momento em que exaltam como "ecologicamente correta" a atitude de construir novos objetos a partir de garrafas pet. Esta questão deveria ser tratada com um outro viés, no sentido de não consumir tanto plástico, de reduzir ao máximo a necessidade de plástico no cotidiano. Sites como este estimulam não à diminuição de nossa dependência dos derivados de petróleo, mas a um consumismo um tanto que absurdo, direcionando ao leitor a possuir cada vez mais garrafas pet para construir puffs cada vez maiores:

"Se você é do tipo que adora dar aquela ajudinha para natureza, inventando objetos criativos e úteis, essa é uma boa dica! Além de lindo, o puff de garrafas pet é ecológico. Só em um modelo pequeno, de aproximadamente 50 centímetros, você utiliza 16 garrafas pet. Esses números podem aumentar de acordo com a sua criatividade"

Ou como no caso
desta notícia, que, após mostrar um (Lindo? Útil?) peixe produzido a partir de garrafas pet, descreve os grandiosos lucros da indústria de reciclagem de plástico. Sim, reciclar é preciso, mas devemos ir além disso, muito mais além que somente reciclar ou reutilizar. É necessário despertar consciências para a redução de nossa dependência da indústria de exploração de petróleo.

Há dois anos atrás, quando fui aluna da disciplina Jornalismo Ambiental, a professora Ilza Girardi nos apresentou o ambientalista e engenheiro agrônomo Jacques Saldanha. Ele alerta para os perigos que determinados tipos de plástico podem acarretar à saúde, especialmente o PVC (policloreto de vinila), encontrado nos plásticos “filme” para embalar alimentos e nas tradicionais tubulações de água presente em simplesmente todas (ou quase todas) casas brasileiras. (Tubos e conexões Tigre, o que são? Tubos de PVC!) A questão do PVC é o produto a ele adicionado para conferir as características físicas do plástico, como maleabilidade e maciez, ou seja, para diferenciar o produto que embala seu brócolis do produto presente nos canos de água da pia de sua cozinha. O Greenpeace publicou em 2001 um estudo preocupante sobre a utilização de PVC em produtos infantis.

O livro O Futuro Roubado apresenta diversos casos em que agentes químicos, presentes também no plástico, causam problemas ambientais e humanos como queda no número de espermatozóides, alterações no comportamento sexual e deformidade genital. No caso dos plásticos, estas alterações são causadas pelos xenoestrogênios (mais informações aqui), um formato sintético do hormônio presente no organismo, gerado pela indústria petroquímica na produção de plásticos, agrotóxicos e solventes.
É inviável tornar a vida de hoje independente dos produtos petroquímicos. Eletroeletrônicos, eletrodomésticos, automóveis, produtos de limpeza e beleza... a vida diária tem como matéria prima o "sangue negro", como diz a tradução do título do vencedor do Oscar 2008 de melhor ator e fotografia, There will be blood. O segredo, acredito, é colocar limites na indústria, preferir sempre a embalagem de vidro, refutar o PVC. Porque tampinha de garrafa no puxador da descarga de uma casa humilde, vá lá, mas peixe de garrafa pet e chimarrão em cuia de plástico, ah, é demais, meu amigo.

Época carbon free


A edição 515 da revista Época, nas bancas a partir de hoje, aderiu à onda neutralização das emissões de carbono. É a terceira vez que a Época publica uma"edição verde". Segundo o site da revista foi contratada uma empresa especializada, a The Green Initiative, para fazer os cálculos de quanto se produziu de carbono nesta edição. A compensação virá através do plantio de 2003 árvores das mais variadas espécies. Ao que tudo indica, o conteúdo também promete ser "ecológico", como mostra a própria matéria de capa: Como suas compras domésticas podem ajudar a salvar a Terra.

Ainda não conferi esta edição, mas prometo que assim que der um pulo na banca e tiver minhas primeiras impressões a respeito, este blog dará mais detalhes.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Eles estão chegando

Semana passada, minha irmã recebeu na porta de um supermercado o Guia do Consumidor do Greenpeace (veja aqui a versão on line), com o subtítulo "lista de produtos que podem conter transgênicos". A organização explica, de uma forma didática e simpática, o motivo pleo qual se posiciona contra a prática, além de abordar questões como consumo responsável e direitos do consumidor.

A publicação, impressa em papel reciclado através de processo livre de cloro, traz uma lista de alimentos que podem conter ingredientes transgênicos, enumerando não somente os nomes dos produtos, mas apresentando fotografias, como as dos chocolates da Garoto, das balas da Adams, além de uma relação imensa de óleos vegetais e margarinas. Como se trata de uma listagem de alimentos que possivelmente podem conter ingredientes geneticamente modificados, a exibição das imagens dos produtos chega a apresentar um tom alarmista . Uma experiência particularmente desconcertante encontrar em uma espécie de lista negra os alimentos que fazem parte de nosso dia-a-dia, as embalagens tão familiares que vemos sempre que abrimos o armário das bolachas em busca de um lanchinho. Conhecendo, porém, a forma de ação do Greenpeace, com seu histórico de companhas chocantes pelo mundo, é possível que o livrinho não chamasse tanta atenção se somente listasse nomes de produtos.

A organização afirma que o consumo de transgênicos "significa correr um risco desnecessário" já que, a longo prazo, ainda não existem informações suficientes sobre o impacto ambiental desta prática. Ela pode ser, por exemplo, responsável pelo desaparecimento de espécies de insetos e, conseqüentemente, pelo desequilíbrio de uma ou muitas cadeias alimentares. A indústria dos transgênicos alega que o emprego de suas sementes pode reduzir o uso de agrotóxicos. Entretanto, Greenpeace e outros especialistas defendem que, com o passar dos anos, o agricultor é obrigado a utilizar maiores quantidades da substância química pois esta acaba por selecionar as ervas daninhas mais resistentes.

Por exemplo, a soja da Monsanto é resistente a um único pesticida, o pesticida produzido pela própria Monsanto. Da mesma forma, o milho da Bayer não morre com o emprego do agrotóxico da Bayer. Após alguns anos de emprego, as erva daninhas precisam de uma maior quantidade de agrotóxico para serem exterminadas. Resultado? As multinacionais dos transgênicos e dos agrotóxicos venderão mais sementes e mais venenos. Talvez com uma nova modificação, atendendo às necessidades que alterações anteriores promoveram. De acordo com o Greenpeace, a prova disso é que, quando a soja transgênica foi aprovada pelo governo federal, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aumentou em 50 vezes a quantidade permitida de resíduo de agrotóxico na soja.

Antes do livrinho, presença dos transgênicos nunca parecera tão próxima ao meu dia-a-dia. Ingênua que sou. Neste fim de semana, meu primo, engenheiro de petróleo da Petrobrás, me deu carona. Sua futura esposa me contou toda contente que acabara de ser aprovada para o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A recém formada bióloga receberá bolsa da CAPES para ser pesquisadora. Passará os próximos dois anos em um laboratório. Desenvolvendo o quê? Uma espécie de algodão que seja resistente a um determinado predador. Eu não perguntei mais detalhes. Fiquei paralisada pelo resto da viagem.

A diferença dos Centros

Neste verão, estive em Florianópolis e fiquei com muito impressionado com a limpeza e organização do Centro da cidade. Muito diferente da região central de Porto Alegre, com sua confusão de camelôs, ambulantes, flanelinhas e, naturalmente, sua sujeira característica. Em Floripa, por exemplo, há vários desses “centros populares de compras” – camelódromos, no popular –, espalhados pelo entorno do Centro.

Fico chateado ao pensar – e aqui me permito ser bastante bairrista – que uma cidade muito menos importante como Florianópolis tenha conseguido, ao contrário de Porto Alegre, erradicar a praga dos camelôs. Na verdade, a capital gaúcha ainda está longe de resolver esse problema: apesar da construção do camelódromo sobre o terminal Rui Barbosa, parece-me evidente que precisaria de, no mínimo, uns dois ou três desses para abrigar todos os camelôs do Centro de Porto Alegre.

Em favor dos barriga-verdes, conta o fato de terem uma cidade bem menor que Porto Alegre como capital: enquanto esta possui mais de 1,36 milhão de habitantes, a capital barriga-verde tem pouco mais de 406 mil (dados do IBGE); uma cidade, ao menos em tese, mais fácil de organizar e com problemas sociais menos sérios; a titulo de exemplo, apenas nos últimos anos a questão das favelas se tornou assunto de interesse público em Florianópolis. Na capital dos gaúchos, esse é um problema já bastante familiar.

Mas o que mais me impressionou em minha temporada de férias em Santa Catarina foi o fato de que as ruas do Centro de Floripa são incrivelmente limpas. Não há lixo no chão, e há lixeiras espalhadas ao longo dos calçadões (sim, Floripa também tem calçadões).

Não sei se há uma maior conscientização do povo barriga-verde em relação ao seu patrimônio – tanto histórico-cultural, quanto natural, no caso de suas belas praias –; no curto período em que estive por lá, contudo, pude assistir na TV diversas propagandas do governo do Estado de Santa Catarina, enaltecendo o fato de terem sido considerados o melhor Estado para a atividade turística no Brasil (por algum ranking de alguma revista que eu não lembro qual é). Talvez isso funcione como estímulo aos catarinenses, quando estes zelam pela conservação dos bens públicos citadinos.

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Cristiano Muniz
muniz.cristiano@gmail.com

Pra não virar pastel


Eu adoro pastel. Daqueles bem tradicionais: carne com ovo. Sempre que posso eu faço em casa, pois é uma refeição gostosa, fácil de fazer e que agrada todo mundo. Minha única dificuldade quando frito pastéis é dar um fim ao óleo de cozinha. Eu nunca reutilizo óleo. Acho nojento. Então sempre uso uma panelada de óleo de girassol novinho para a fritada. Mas quando termino a lida no fogão minha agonia é: o que diabos eu faço com essa banha toda?

Esta dúvida durou até o ano passado, quando estudei um pouco mais sobre reciclagem de óleo de cozinha e seu reaproveitamento na fabricação de biodiesel para um trabalho. Aprendi que a maior parte da população (da qual eu não me excluía) jogava óleo na pia e, quando se achava muito esperta, no vaso sanitário. Triste. Mas aprendi também que a prefeitura de Porto Alegre tem um programa de recolhimento destes resíduos e também de destinamento à empresas que as reutilizam na produção de combustível. Bom para o meio ambiente, bom para a economia. Além de combustível, essas empresas utilizam o óleo na fabricação de ração animal, sabão, entre outros produtos derivados. Boas novas, hein?

Mas eu me pergunto até onde vai a mobilização deste tipo de iniciativa por parte da população. Ok, é uma iniciativa nova. Muito mais recente do que a coleta seletiva de lixo, que já mobiliza boa parte da população. Mas o mais deprimente mesmo é constatar que, mesmo eu, já ciente do programa e de como me livrar dos meus resíduos culinários de forma politicamente correta, o que eu fiz a esse respeito? Nada. E não me orgulho disso. Não, não voltei a eliminar o óleo no esgoto doméstico. Eu só não me prontifiquei a dispensá-lo nos locais adequados. Minhas sobras das fritadas de pastel estão todas engarrafadas, há meses, prontinhas para seu destino correto. Não me faltou iniciativa. O que me faltou, nesse caso, foi persistência. E o que me sobrou foi preguiça.

O DMLU possui uma lista grande de locais de coleta de óleo de cozinha usado espalhados em Porto Alegre. Eu moro em Petrópolis. Um dos locais fica na esquina da Silva Só com a Protásio Alves, trajeto que uso diariamente para ir de casa para a faculdade e vice-versa. É um esforço mínimo o que eu teria que fazer. É só encher uma garrafa pet com meu óleo usado e desviar um nadinha só o meu caminho. Pronto: consciência e natureza mais limpas. É só colocar em PRÁTICA.

Se você nunca pensou no que fazer com o resto de óleo daquela fritada além de manda-lo ralo abaixo ou nunca se preocupou com isso pois não costuma se aproximar das panelas, procure se informar. O link para os locais de coleta de óleo em Porto Alegre é este. Uma pena que para ter mais participação um click apenas não baste.


Mauren Veras
mauren.veras@gmail.com